Como eu poderia exigir afeto Ele há de ser dado como promessa Eu me dei a ti, não esqueça Se não me queres, fico quieto Mas aqui, ao seu lado Afinal, a felicidade que sentes é sua Não tenho direito de dizer que acaba
O amor não pune, Ficarei como sentires feliz O amor tem seu perfume E por isso que ficar eu quis Pois se te fiz feliz, e faço Neste momento, deve ser hora de encarar Que não tem espaço do mundo que faça parar Ou tempo longíquo pra esquecer
O amor segue intacto Como uma pintura estática no tempo O amor sempre tem impacto Talvez não do meu jeito
O amor deve ter gosto das cerejas Que deixei de ver por estar em casa Este amor jamais relampeja Não importa quanta chuva tenha na janela.
Eu sou fraco Acordo atrasado e fico deitado sem poder E se nada me força a levantar Sabe-se lá quantas horas vou perder
Se sou agora, serei amanhã Um desejo aflora de um menino que sonha Quantas noites que sonho em sonhar, Pra me assustar com a realidae Que me pus a imaginar?
Desejos e sonhos, impulsos e planos Ser fiel a todos é ledo engano Uma moça sábia me disse um dia Pra perseguir os sonhos, pois via O como nos traem os planos Como sou fraco, no calor de um ato Tracei uma linha em tinta de caneta Pra evitar que as borrachas da vida Ou a conveniência de formas óbvias No meu caminho depois se intrometa.
Desconfio que o desenho possa mudar no futuro Então me enjaulei com meu sonho mais puro Assim o tédio não pode me aprisionar Assim por mais que seja duro Não vai me faltar o que amar.
Quando o assunto entre amigo Do mundo meu, impossível Busco dele o inteligível Mentiras, não platonismos Sempre me são exaltados Certezas só do outro lado Da caverna sobe o abismo Entre a incerteza sensível E a elevação incrível.
Os anos ficam mais difíceis conforme eles passam E não há como pará-los Nem eles, em si, ou sua crescente força É a natureza da passagem do tempo O segundo sobe em seu ombro como uma criança brincando (Drummond avisou sobre o mundo bem como a velhice) E vão se acumulando até que não se aguenta mais
O que posso fazer, se o peso fica tão grande? Quem sabe compartilhá-lo.
Quem dirá quão difícil será? Só o tempo. Mestre de si, causa e indicador.
Quantos anos precisam passar Pra perceber que você não alcançou a felicidade Mas sim aprendeu a ser infeliz Quantos anos Até que s gente entenda que não é só um lugar Não são só pessoas Que somos seres tribais E tudo bem se entregar a essa natureza de pertencimento
Já passaram anos E não entendemos que o tempo de viver Não é depois A faculdade precisa ser apreciada O trabalho precisa de algum prazer E a viagem hei de ser estas férias. Quando chegar a velhice, Ela tem sim que ser descanso Porém não uma redenção Mas sim um momento de reflexão
Quantos anos precisam passar Pra gente entender que os detalhes Esses sim valem nossa atenção Pois ainda que vivamos nos retalhos Se deus sabe onde focar Só nos resta aprender a imitar.
Pois é Passam os anos E parece que estamos cada vez mais longe Longe de casa Longe da infância Longe da família. A casa que te acolheu durante sua jornada, A infância que te nutriu com tantas memórias A família que te suporta quando cais.
Precisa ser assim? Ou só escolhemos os caminhos difíceis Por não sermos ensinados direito? “A vida é difícil”, me disseram os velhos Eu aceitei com humildade de um aprendiz Pra hoje assumir que ela podia ser mais simples “A gente vive em guerra consigo mesmos”, me disse uma jovem E ali sim, eu entendi Que o tempo de ser é hoje E podemos ser felizes agora.
Quantos anos se passaram? Muitos mesmo. Mas já passaram todos que precisei.