Pessoas e seus sons
Quando tudo que se precisa é de si
Qualquer lugar é bom
A companhia só pode acrescentar ou nem importar
E educação é tudo que se espera
Quando a paz está contigo
Não há fuzuê que te tire do sério
Barulho que se atinja sua consiência
Substância que o faça ter
A solidão é um presente as vezes
O zunido um silenciador
A multidão vira falsa companhia
E o silêncio nunca é matador.
Amor tão assim
O mundo gira
A semana passa
A cabeça pira
Acaba fumaça
Mas é certeira
A sua lembrança
Na música do rádio
Ou da minha mente
O filme da TV
Ou do meu PC
Vai vir durante o banho
Ou durante a depressão
Olhando o céu diurno
Ou no vazio da escuridão
Só vejo em tudo seu olhar castanho
E seu cabelo loiro, em turno
É engraçado como fica
Um apaixonado sem alguém
Você de longe me explica
E eu sentado sem ninguém
No chão frio, azulejo
Sei que não é só um desejo
Tua voz é a verdadeira música
Teus passos a maior das danças
Teu rosto a maior arte plástica
Com teu toque nunca me cansas
Não consigo amar alguém de outro jeito
Sei lá o porquê dessa neura
Mas só preciso disso mesmo: amar a ti direito
Meu sol
Foi num campo de flores
Que percebi que ainda te amo
Não eram girassóis, tinham outras cores
O insight que tive foi mais insano
Na falta dessas flores vi como a vida mudara
Para uma eterna noite sem lua, por falta de ti
Meu sol
O astro mais brilhoso pro meu mundo
Há outros maiores? Talvez, mas aquela luz não me alcançara
Somente a sua, meu sol
Sou como sua flor predileta
Caído na sua falta
Sempre te olhando indiscretamente
Sem tentar, automaticamente
Devia ter pego pra ti flores de novo
Mas elas seriam ofuscadas pelo brilho do meu sol.
Tic-Tac
Tempo passa
E eu tento contar
Mas nunca conto
O que sinto
Sinto muito
Só assim consigo vê-lo passar
Sentir o tempo
Sinto que acaba tudo aos poucos
E que aos poucos tudo acaba
Novos tempos virão
Vou tentar contá-los da próxima vez
O único tempo que contarei
É quando o relógio não mostrar mais
Aí então só peço
O furto no qual contei tanto tempo
O último a escrever
E um em branco para tentar
Quem sabe após o relógio parar
Eu consiga entender o tempo de verdade
Vale encantado
A sensação de esquecimento mais pura
Sem preocupação alguma
Sem pensamento fora
Alienação pura
Um autismo coletivo
A tal da utopia
Colocada em realidade distante…
O mundo nunca seria tão perfeito
Mas aqui ele é
Aqui o respeito tem seus limites respeitados
São banais as coisas grandes
E abundantes as pequenas
Lugar que amo
Com gente nada sã
Todos que conheci sentirei saudade
No meu Aruanã
Eu, masoquista
Nunca vou chegar a esse ponto
Muito menos perto
Não sou tonto
Me controlo, de certo
Esse ano só nota boa
Escola vou levar a sério
Sem vagabundo à toa
O resultado não será mistério
Último copo, pode acreditar
Não tô afim de ficar louco
Sei como me limitar
Não preciso sair no soco
Sem ligar de madrugada
Sou bem resolvido
Não preciso dar ouvido
Conselho de mal amada
Vou na próxima vez
Desculpa miar agora
Foi só uma estupidez
Achar que dava pra sair pela aurora
Ele merece uma chance
Claro que mudou
Foram 4 meses, não um relance
Vai dar um baita show
Nunca vou chegar a esse ponto
Muito menos perto
Não sou tonto
Me controlo, de certo
Não vou me apaixonar
Por alguém que vai me quebrar
Queira sim queira não
Porém isso é culpa do tempo
Vontade fora de questão.
O que os olhos não vêem as paredes contam
A saudade que eu sinto é meio assim…
Dor que dói despercebida
Por baixo da aparência destemida
E se me perguntarem não digo que sim
Porque homem de verdade não chora
E meu herói poucas vezes o fez na minha frente
Não que por isso o aprendiz implora
Porém não quero ser diferente
Cada vez que desatino
Sinto-me arrependido
Como se as paredes tivessem ouvido
E contado às árvores, que contaram aos pássaros
Que contaram aos outros voantes
E numa rede desgraçada, quase destino
Chegaria ao ouvido do meu herói que chorei de saudade
Portanto não choro em público
No privado não me atrevo
Se eu conseguir manter a promessa de verdade
Vai ser por causa de algum trevo
Despercebido que entrou na minha não-casa
Foi chutado até o não-quarto
Criou em si uma pseudo-asa
E ficou pousado em minha carteira.
Minimalismo megalomaníaco
O mundo é grande demais
Pra amar só uma pessoa
Até disse pra um irmão como tava apaixonado por aquela mina
Ele olhou pra mim e declarou
“Você se apaixona por todas, não é?”
E ele tá certo mesmo,
Por isso amo todo mundo
Sem distinção e nem nada
Tenho sentimento demais dentro de mim
Para colocá-lo em uma só história
Vou distribuir este em várias
Até achar uma que caiba todo o resto
O mundo é grande demais
Pra viver em um só lugar
Amo cidades natais, de verdade
Mas eu vou renascer em cada uma em que pisar
Crescer naquelas nas quais dirigir
E morrer ao sair destas
E a cidade natal é tal como Jerusalém
Onde minha ressureição é continua e certeira
Até ir morar em outros planos que não o terrestre
O mundo é grande demais
Para pensar tanto antes de fazer
Ok se é uma decisão tão grande
E mudar sua vida pode
Mas pegar o ônibus errado
Errar na bebida e ter um porre mal amado
Amar a garota bem estranha
Estranhar o lugar onde foi parar
Parar no espelho e pensar como está sem noção de nada
Nadar no mar com um frio ferrado
Ferrar com a vida de um babaca desprezado
Prezar por quem talvez não te queira tão bem
Bem-querer a todos sem pensar quem é
Ser aquela pessoa sem pensar em quem ser
O mundo é grande demais
Pra ter a cabeça tão pequena
Ele vai rodar mil vezes
Até você deixar de ser tão quadrado
Ele é aberto e livre pra fazer um mundo de coisas
Para que pensar dentro da caixa?
O mundo é um livro em aberto
Onde escrevemos cada um um capítulo
E por mais que essa Bíblia tenha mais de 4000 anos
Quero mais que só algumas páginas
Várias histórias e reviravoltas
Um verdadeiro mito, não relato
Porque
O mundo é grande demais
Para viver em crônica
Ou ter só alguns contos
Quando pode-se ter romances
Performar vários dramas
Se deliciar em diversos poemas
E fazer de si mesmo um texto incompleto
Com começo, meio e sem final definido
O mundo é grande demais
Porque a vida é grande demais
E durante ela, ao invés de se fechar no seu pequeno mundinho
Pode-se abrir para o de todo mundo
E ter tantos universos sem saber qual escolher
Pois as opções são grandes demais.
Desejo de mudança
Quero me mudar
Tanto, e tão radicalmente
Que nem eu, meus amigos
Sequer pais e namorada
Vão reconhecer-me
Quero me mudar
Ir à lugares inimagináveis
Viver aventuras impossíveis
E depois de vividas, olhar ao espelho
Suspirar fundo
A tempo de dizer:
Ah! Como foi boa a vida que vivi
Quero me mudar
E ter todas as segundas chances
Dadas pois já não sou o mesmo
Nem de casa ou espírito
Sem raízes ou fundações
Quero me mudar
Não só as células do corpo
Mas a água d’alma
Purificá-las de tal modo
A dar inveja de quem fui
Quero me mudar
E descobrir quem gosta de mim
Se é do próprio
Ou do que ele oferece
Quero me mudar
E desmudar
E mudar novamente
Até nem mais lembrar como fui
Os erros que cometi
Os acertos feitos
Me mudar até já não ter o que mudar