Liberdade manipulada

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Sou um anarquista espiritual, eu não sigo regras, crio regras. Se os outros não me dão minha liberdade, eu crio-a. Do jeito que quero, do jeito que posso.Confrontos de nada são úteis, são sinônimo de desigualdade de poder. Algo só é justo quando há essa igualdade, quando há igual chance de êxito. A justiça é essa, não a clamada igualdade perante a lei, a igualdade econômica. Claro, poder é errado, mas a comprovação da tese de criação de poder por si vem de uma lógica inegável: quando há igual poder, é como se não houvesse poder nenhum. O problema é: até onde posso ir para obtê-lo?
Quando se é o oprimido, não é nada mais do que justo o uso da manipulação para a obtenção de poder. Grandes exemplos da história fizeram isso, como Napoleão: quando foi à batalha com número menor de homens, tornando eminente sua derrota, o General levou a luta para um terreno vantajoso, tornando assim, a situação igual, onde a habilidade se tornou a questão principal. Ele igualou o poder. Uns tinham força, outros a inteligencia. Isso é justo. Então, se sou manipulador? Não posso negar. Faço isso da forma mais fina e justa, minhas mentiras são intencionadas, assim como é o mundo. Que seja assim! Uso a forma ridícula do mundo a meu favor, tornando ele igual.
Certamente me perguntarão um dia se é certo um anarquista ler Maquiavel, o Florentino que dominou o conhecimento sobre o Poder, algo aparentemente contraditório, visto que Nicolau ensina a conquistar o poder e anarquistas querem derrubá-lo. A resposta é simples e direta: necessitamos saber como é a conquista do poder, pois, enquanto a sociedade Ideal não é alcançada, temos a obrigação de ganhar para si e para seus iguais esse poder. Claro, no sistema Capitalista isso é quase impossível, pois nele, Poder vem do Dinheiro e Dinheiro é Poder. Governos (meios de opressão da Elite sobre o povo) são mandados e desmandados por interesses particulares e econômicos. Não se engane com a falsa crença de o governo mandar na economia, mas a economia manda no governo. Portanto, quanto mais soubermos como ganhar poder perante essa enorme máquina escravizadora, justificada por um tal “contrato social” não assinado por ninguém e imposto a todos, é a vantagem que teremos sobre o mundo. A utilização de uma crueldade maquiavélica contra ela.
Sou anarquista espiritual sim, pois a igualdade nunca será dada sem luta. Ela é tudo que tenho, que terei, tudo o que posso fazer. E lutarei. Até o fim, ferozmente pela minha liberdade e do outro, pois só seremos livres quando um Irmão for tão livre quanto o outro. E teremos sofrimento para isso. Usaremos todas as nossas forças para isso.
Sou cruel. Claro que sou. Toda luta é quando não se luta só por si, mas por muitos. Sendo assim, não vejo crueldade nenhuma em manipulações. E vejo toda. Outros falarão que a verdadeira crueldade é com eles, mas na verdade, é consigo por ter que usar de manipulação para poder existir sem ser essa merda influenciável chamada de indivíduo. A manipulação é o meu instrumento para poder ter meu direito e dever do outro inalienável, denominada liberdade.

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A sombra

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Em nossa vida, andamos à procura de ídolos. Sim, ídolos. E em nossa cabeça, eles são exemplos, idéias. Eu ouso dizer que, nela, são feitos de pedra, imutáveis e invencíveis.

Quando pequenos, eles são nossos pais. Fortes, rápida, inteligentes, e de uma forma a parecer consciência de tudo e de tudo poder fazer. Crescemos um pouco, e viram os super-heróis. Com sua coragem, benevolência, sempre dispostos a ajudar o próximo, eles são os favoritos das crianças. Entre a infância e adolescência, temos um período onde os ídolos são distantes, mas próximos por bombardearem nosso dia a dia: celebridades. Seja ela da música, cinema ou TV, a admiração é enorme. Há quem ame Justin Bieber, há quem seja vidrado em Axl Roses. Há quem idolatre Jonny Depp, também quem idolatre Emma Watson. Depois, dividem-se muito; há quem veja em Ghandi um exemplo. Há quem nunca não solte palavras que não sejam de admiração sobre Nikolas Tesla. Eles são símbolos de revolução, mais próximos mas ainda longe… Com o amadurecimento, a idolatria muda. Passamos a admirar coisas próximas do cotidiano, como um chefe, um professor da faculdade, um político ativo. Até mesmo pensadores, nomes desconhecidos pela maioria, mas por quem você sente uma admiração enorme.

Há quem tenha admirações muito mais complexas. Já houve demonstrações de admiração por si mesmo, o que chamamos popularmente de narcisismo (o que não necessariamente é a definição correta, mas não convém). Numa linha próxima, mas longe de parecida, temos a admiração por si mesmo, mas no futuro- mais precisamente, em respeito ao dono discurso, 10 anos. A filosofia por trás disso, não é o narcisismo, mas a expectativa que temos de nós mesmos, de tal forma, que nunca seremos nós em 10 anos.

Descobri meu verdadeiro ídolo em um lugar extremamente incomum: na sombra. Nela, ficamos muito próximos de nossa idade (diferente de nós em 10 anos) mas muito melhores. Nossa sombra é alguém muito melhor que nós mesmos, por ser a versão mais natural e nua, não a escondida por trás de roupas, atitudes falsas e máscaras. Não me entenda mal, não estou julgando a existência tudo isso, esse não é meu objetivo. Mas, é muito claro o fato de, quando a luz bate em você e forma aquela linda filha numa parede, pano, uma sombra ela não tem todos os pesos carregados por você. Ela mostra seus músculos de forma acentuada, sua expressão sempre condizente com o corpo, ou seja, verdadeira. Sombras não transmitem falsos sorrisos, somente respirações apaixonadas. Por isso, meu herói, ídolo, objetivo, é a minha sombra, apesar de eu nunca conseguir ser exatamente ela, pois, assim como eu, ela é instável. 


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Decolagem

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Começa estável. Calmo e imóvel. Parece completamente seguro, sem risco de falhas. Mas essência e aparência é um jogo bem conhecido pela espécie humana, bem dominado. Nessa fase, a única coisa existente é perigo. Tranquilidade acalma o espírito, mas não fortalece as bases. Qualquer pequeno movimento dá a sensação eminente de desastre.
Tragédia. O escuro tranquilo mostra o quão possível é esse fim. O desastre da acomodação. A tragédia do final sem meio. Este é o verdadeiro perigo, o qual não se tem consciência. O início do escape desse fim é tenso e medonho. O mundo parece estar acabando. Na barriga, só o frio da espectativa, do desejo. Desejo de sair da monotonia, pela emoção afinal. Tudo parece pequeno.
O tamanho das coisas é distorcido, através da óptica. Não podemos cobrar nossa visão de quem não tem nossa vivência, pois uma é consequência da outra. A luz recebida é forte e espalhada, como se, sem querer, essa cidade inteira estivesse me iluminando.  
O escuro da incerteza me possui. Simplesmente ao fechar os olhos perco o medo dessa penumbra e finalmente posso ter calma novamente. Mas dessa vez, uma firme, não ignorante. Uma certa estabilidade vinda do conhecimento e confiança. Agora só há movimento, puro e contínuo, e é está a razão do meu ser.
Ser. É esse meu objetivo final. Não simplesmente estar ou ficar, mas ser. Um contínuo e não estático, em sua essência. Mas essência e aparência é um jogo bem jogado pela espécie humana.
 
 

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Liberdade de Shaolin

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  • Tempo de leitura:13 minutos de leitura

Abro meus olhos e vejo os primeiros raios de sol entrando pela janela. Não é nem perto do meu horário, mas eu não dou importância para isso. Meu instinto me diz que é hora de levantar. Olho o cômodo pouco iluminado e acendo uma vela; As coisas estão exatamente como as deixei no dia em que cheguei no Templo.

Hoje, já tem 13 anos do meu abandono da vida de governador civil e do início da minha procura pela paz. Passei por uelemá, mas não cheguei nem perto do que procuro. Sentia-me igualmente poderoso, influenciador, alguém que, por ter maior conhecimento (adquirido após um tempo de estudo hábil do Alcorão e da Suna), tira a humanidade dos meus semelhantes. Depois, fui ao campo, trabalhei como um semi-servo, achando que, por obedecer, iria apaziguar meu espírito. Fui igualmente falho. Eu estava abandonando minha própria humanidade. Por mais que eu quisesse o bem nos 3 lugares pelos quais passei, eu me sentia corrompido, tanto por “mandar” quanto por obedecer.

Cheguei ao ponto de achar que, na minha terra natal, a China, nunca encontraria a verdadeira paz. Viajei, mas não durou, pois nada me apetecia, desde a beleza da terra do Papa até o luxo dos Sultões. Até que, com todo esse conflito interior, decidi passar uns dias num mosteiro afastado de tudo. O Templo de Shaolin, o mais próximo que cheguei do que minha mente pedia.

Aceitaram-me de início, me alocaram neste quarto e me explicaram como era o funcionamento do lugar. Homens e mulheres não eram distinguidos, todos podiam frequentar qualquer parte ou ambiente, sem restrições. Não havia regra, mas, normalmente, os almoços eram feitos ao meio-dia pelo sol, e os jantares quando a lua já se apresentava dominante.

Os lugares eram o quarto, os campos de plantação e gado, a sala dos espelhos, o “refeitório” (que funcionava como cozinha também), um salão usado para enfermagem e outro vazio. Não havia cozinheiro, faxineiro, camareiro ou camponês. Ali, os “bens” eram fruto do trabalho individual e o excesso era comunitário, para emergências. Por se tratar de um mosteiro, eu obviamente pensei que, por não ser religioso, iria ficar uns dias para a meditação (que era feita em qualquer lugar), porém, estou aqui a mais de 5 anos.

Saio do quarto, me encaminho para o campo. As plantações de arroz se alastram por quilômetros, e o gado, que dorme, é suficiente para alimentar uma cidade, mas a simplicidade do mosteiro envolve (inconscientemente) deixar os animais viverem seu estado natural, e a natureza também.

Shaolin fica num vale praticamente sozinho na região, por isso, você pode se ver cercado de montanhas. Na maior delas, nota-se uma escadaria enorme, que dá numa pequena construção vermelha e dourada, onde ficam as águas. É para lá que vou.

Piso nos degraus da escadaria, gelados pelas horas sem contato com o sol, que a essa altura, apresenta um nascer esplêndido. Cada passo que dou relaxa mais o meu psico que a ótima noite de sono que tive, e me faz sentir cada pequeno músculo no meu corpo, fazendo uma espécie de Nirvana.

Ao fim da minha subida, vejo claramente toda a construção. Os pilares de madeira avermelhados, com todas as suas linhas características da árvore que foi cortada, O sol está quase alinhado com o topo da pequena casa, dando uma sensação de queimação na minha nuca. Apesar de ter feito uma subida de 3 horas, não me sinto cansado. Entro, e na água descem 3 fios de luz, posicionados em três pontos de divisão na jóia da Roda do Dharma desenhada ali.

Sento-me ali, fecho os olhos e medito, entrando num transe que só acaba quando abro meus olhos novamente. Sinto a força da claridade contra meus olhos, mas ela vai abaixando, e olho para o céu pela grande janela a minha frente, notando nas nuvens passando, carregadas e negras como meu espírito antes de encontrar esse lugar.

Mais ao fundo, nuvens leves com as quais me identifico, porém meu desejo é chegar ao céu azul. Ao olhar abaixo, vejo a imensidão da floresta que cerca os mares de morros, um verde convicto e belo, ainda não tocado pelos ambiciosos, só conhecidos pelos homens em seu estado mais natural. Mas, entre todas essas arvores belas, vejo uma movimentação que eu já conheço: a formação militar clássica da Guerra  Civil que está acontecendo.

O mais surpreendente não é a formação em si, mas o fato de ser facílimo de notar o quão feridos estão os soldados. Em aproximadamente 4 horas, eles chegarão ao templo, lugar que suponho ser o destino.

Desço calmamente as escadas, e na metade do meu percurso, a chuva começa. De onde estou, consigo ver todos fechando janelas e abrindo portas para quem quiser entrar. No fim, calculo que temos ainda uma hora antes da chegada dos feridos.

Abro a “enfermaria”, avisando a todos o que vi, e já vejo o movimento de preparação, colocando colchões forrados e ferve-se água, prepara-se alimento e macas, até que nossos “convidados” batem à porta.

-Olá?- diz quem aparenta ser o general daquela tropa – Estamos muito feridos, soubemos da existência deste mosteiro e precisamos da ajuda de vocês, meus soldados estão gravemente feridos.

Abrimos as portas e a tropa entra. O general logo se apresenta, seu nome é Bakiu Tremlaa,  e, logo de início, já conta a história de como e por que estão ali.

“Estávamos em uma batalha ao norte, contra revoltosos que reinvidicavam a devolução de impostos e posse de terras ao líder local. Meus soldados não tinham pólvora, somente nossas práticas no Wushu. Mas inesperadamente, os revoltosos utilizaram espadas e armas de fogo. Foi um massacre.

Mais da metade morreu, apesar de termos batido em retirada. Venho procurando um descanso e cuidados desde então, mas o governo já nos tomou com inúteis, mesmo com nossas habilidades”

Ofereci-me para dividir dormitório com Bakiu enquanto não havia instalações para todos, e isso aconteceu. Em certo horário, vou para o quarto, deito-me. Quando ele chega, só deita na cama posicionada abaixo da minha e dormimos silencio e impessoalmente.

E assim foi durante 3 dias.

Na manhã do 4º, o colega puxa um assunto. Pergunta meu nome e lhe respondo, friamente, Kwok Yuen. Logo me reconhece como ex-governador civil, e daí para frente criamos um tipo de amizade, uma que se desenvolve com o tempo, ficando forte a ponto de, 2 semanas depois, quando os 50 quartos para refugiados foram feitos, Bakiu permanece comigo.

Seguimos para uma rotina um pouco parecida. Acordamos cedo, e minha manhã começa com uma boa meditação no salão dos espelhos, a dele, se fechando no salão vazio. Ao fim de 2 horas, ambos se encaminham para o campo, para plantar e colher algumas coisas, pois logo em seguida, preparamos o almoço e o comemos. A diferença maior são as conversas diárias com seu antigo pelotão, enquanto eu falo com alguma alma também “desocupada”.

Certo dia, o indago sobre duas coisas: a razão das conversas com a tropa e o que faz ele todo dia no salão (o que observo ser também um hábito dos seus comparsas).

Kwok, se eu não me mostrar presente, quem vai mostrá-los o caminho?

-Ora, eles acharão o próprio caminho se deixarem-nos tentar andar com as próprias pernas.

-Entenda, eles precisam ser liderados. Essa é a natureza humana em seu mais elevado ser: uns nascem para seguir, outros guiar.

-Não é verdade- falo firmemente a Bakiu- Vejo bondade em seus atos, mas devo perguntar se não vê como esse poder que tem tanto te corrompe quanto eles.

-Eles sabem quem estão seguindo.

-E o gado só percebe a verdadeira face do pastor na hora do abate. Pergunto-lhe, se tu mandasses seus homens matarem todos nesse lugar, sem exceção, eles não o fariam?

-Naturalmente…

-Portanto, você tem uma influência não saudável sobre eles.

-Vejo seu ponto, mas não compreendo a saída que você procura.

-Bem, olhe o Templo em si. Não há um sequer líder, sim a união de diversas pessoas com um objetivo, unidas por umas vontade de viver de um jeito relativamente parecido. Aqui sim, há a forma natural que nós, seres humanos, perdemos na nossa história. Aqui sim, podemos ver a liberdade expressa em seu grau máximo, onde a minha liberdade permite a sua nunca acabar. Por esse motivo que estou, aqui, o mais próximo da minha paz.

-Desculpe a pergunta mas… você já praticou Wushu?

Já explicando, Wushu é um estilo da arte marcial chinesa, conhecida mundialmente pelo nome de Kung Fu. Essa arte é dividida em 3 partes principais de trabalho individual: corpo, mente e espírito. Apesar de morar na china desde sempre, nunca me aproximei muito, por desprezar o uso da força e achar sublime a retórica, e, posteriormente, a meditação pura. Nas minhas viagens à terra do papa Constantino, li sobre os maravilhosos Sofistas, sobre Sócrates, e admirei-os muito mais que os brutos guerreiros.

Após esse dia, descobri minha resposta para a minha outra pergunta. Todos os dias, Bakiu se punha a treinar incessantemente a Arte, até não ter mais forças para sequer subir alguns degraus de escada (sabe sei lá como que ia para as plantações). Meu amigo passa seus dias preparando-se para um conflito interno, não externo. Assim como eu, ele está perto de sua paz, mas algo falta para atingir o Nirvana.

Outras coisas também aconteceram, como o fim das conversas diárias, que foram substituídas para pequenos encontros semanais, para um treino em conjunto, com o objetivo de lutarem entre si. Todos já estavam bem, mas algo tinha mudado (tanto nos soldados quanto nos monges). Os monges, atrofiados por simplesmente meditarem e plantarem (numa espécie de ora et labora) começaram a, naturalmente, treinar Kung Fu. Os guerreiros, com remorço por toda morte e dor que causaram, por tanta inquietude, começaram a meditar. Começou algo perfeito, começou a Paz.

Bakiu me instrui no Kung Fu, onde eu finalmente encontro um momento de calma (e me torno um exímio artista) e eu o inicio  na arte da meditação.

Aos poucos, os treinos de Wushu passam a ser simultâneos, numa espécie de conexão de Shaolin inteira, sem raiva alguma, somente o perfeito equilíbrio entre o autocontrole budista e a coragem e disciplina dos artistas marciais. Nas lutas, vê-se um “problema”: ninguém ganha. Não pela falta de habilidade, mas pelo excesso e equidade dela entre todos.

Quando vou ao salão dos espelhos, fico no centro e vejo centenas de cópias minhas, todas me imitando, e começo a lutar comigo, travando um conflito apaziguado, que gera em mim a plena sensação de completude, e, depois de algumas horas meu amigo entra, e a luta passa de singular para plural. A luta começa lenta, ainda com falta de força, mas progressivamente avança, cresce, no ponto de quase não vermos os golpes de cada um.

Na hora do jantar, o sino toca e um estranho adentra o salão, trazendo uma carta,que passa de mão em mão e quando chega a minha, leio claramente:

“Aos Guerreiros do Templo de Shaolin, esta convocação para proteger o condado de Tahu.”

 

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Para nunca mais se sentir só

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Andei só. Meti-me nas ruas, a espairecer sobre minha enorme solidão, sem rumo ou objetivo.

Sento-me no meio-fio, chorando correntes, córregos, lagos, riachos, cachoeiras, rios mares, criando meus próprios oceanos, quando dois cães de rua acomodam-se cada um de um lado meu. O da direita tem pelagem preta, olhos caídos e vermelhos, dentes afiados que se expõem bastante a medida que ele abre a boca, sem eu entender a razão do ato. O da esquerda é cinza, mas tem manchas pretas, tão escuras quanto seu comparsa. Seus olhos são igualmente caídos, cheios de remela, seu andar é desesperador de tão lento. Sua expressão só piora com o pelo molhado pela chuva. Ah sim… a chuva. Ela começou momentos após a chegada dos cães, mas eles não se intimidaram. Afago cada um um pouco e sigo caminho. Mesmo andando, deixo o mais lento para trás e o outro me segue uns minutos, mas me abandona onde há mais movimento.
Observo bares abertos nas esquinas, e todos estão acompanhados, mas solitários. A simples companhia de um estranho não é suficiente para afogar um sentimento de solidão, intensificada pelo falar geral. Um falar desesperado, expressando, para fora, todo o vazio presente dentro. Um falar não conversador, somente auto-informador, como se devessem buscar, nos outros, a afirmação de uma verdade qual ninguém ali acredita: a vida vivida por quem ali está, é de fato, boa. Tenho a coragem de notar minha própria solidão, e afirmar ela, sempre atento a tudo a minha volta durante esse trajeto. Atravesso as ruas e encontro um grande bosque.
Ao olhar bem, vejo uma cadeira entre árvores. Talvez seja perigoso, mas, foda-se a minha segurança, sento ali mesmo. A posição permite a entrada de somente um feixe de luz da lua. Em momento algum paro de pensar nela. Em nenhum momento. Minha cabeça é povoada e cheia, ao passo que a minha vida é tão chata e vazia.
Volto a caminhar, atravesso o bosque, e em meio a plantas e plantas, dou de cara com um penhasco, onde só se vê e ouve o imponente mar. Sinto minha carne arder pelos espinhos que me cortaram, a chuva no meu cabelo, ouço atentamente o som das ondas abaixo de mim. Olho o mar e sinto algo estranho, mas presente todo o tempo, e, repentinamente, começo a relembrar a noite que passei. O que me faltaram foram pessoas, mas eu nunca estive sozinho. Tanto o mar, quanto a chuva, quanto a lua, os bares, e os cachorros tinham sido minha companhia, e eu não podia ser mais grato a eles.
 
 

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Êxito variável

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Hoje, rezo para ninguém passar a angústia de olhar uma foto e se arrepender de algo. Pois a foto deixou um bom momento eternizado, e você percebe que perdeu um momento desses, seu pequeno sonho de agora é impossível de se completar.
Rezo para nenhum garoto precisar pensar se envia ou não uma mensagem para uma garota. Para um homem exitar no medo de receber um não como resposta, pois uma dor que nenhum ser humano deveria sentir é o arrependimento pelo que não fez. O não que o homem recebeu pôs um fim, uma definição. Não existe o medo do que poderia ter acontecido, porque aconteceu.Ao garoto enviar a mensagem, ele terá a plena calma por o fazer. Foda-se caso seja uma má decisão. É muito melhor que uma não tomada.
Talvez, ao ficar em uma viagem, mesmo não se conhecendo, um casal adolescente comesse a namorar. Quem sabe inclusive os círculos de amizade se misturem e se mantenham mesmo após o término do colégio e um dia termine. Notou? Existiriam milhares de variáveis. E todas, sem uma decisão, seriam desperdiçadas.
Por isso, deixo claro uma lição de vida de suma importância: não exite. Não se preocupe com o resultado se ele puder ser melhor do que nada. O mundo não foi feito para quem mantém. Mas para quem transforma.
 

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Avião

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Quando criança, era muito divertida a decolagem e um avião. Olhar o mundo ficando de brinquedo lá fora, Demorava.. ah se demorava! O tempo passava muito devagar.
Agora, mais velho, porém adolescente, é uma experiência singular. É tudo veloz, a espera, pequena. Simplesmente coloco meus fones de ouvido e olho para fora. Ver o mundo passar tão diminuto ao meu olhar mostra o quão grande e completo é o planeta Terra.
Sentir a aceleração causa o sentimento de vertigem, por logo ver um mundo por outro plano, outra visão.
Começa devagar. Mais lento que um carro. O aviso de decolagem te faz sentir o aumento da velocidade, mesmo que não haja movimento algum. Mas você nota claramente quando começa a grande aceleração; O impacto é firme e forte quando a aeronave descola do chão.
São nessas horas que frases como “o céu é o limite” ficam mentirosas. Aviões mostram que, para o ser humano, nunca haverá o momento de parar.
 
 

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Ser adolescente é foda.

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As pessoas tentam explicar o porque você se sente de um determinado jeito cientificamente, falando dos seus hormônios, que você  não sabe o que está fazendo.
Ser adolescente é foda.
Elas já pensaram que, simplesmente, não existe explicação? O jeito que se pensa é único e seu, não resultado de hormônios que mexem com a sua cabeça. Você pode tomar decisões, você sabe oq faz. Um dia talvez volte atrás, mas os adultos fazem isso, por que adolescentes não tem esse direito sem julgamento?
Ser adolescente é foda.
Alguns tem a sorte de um amigo “psicólogo” e parceiro, que não tenta decifrar o que se sente, mas apóia. Participa.
Ser adolescente é foda.
Se eu pudesse apostar, falaria que um melhor amigo tem maior participação e peso na vida de um adolescente que os próprios familiares. Como as famílias tentam prevenir isso? Proibindo. Reprimindo. Isso é bem mais fácil que fazer papel de melhor amigo.
Ser adolescente é foda
 
 

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Personagem arbitrário

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O que vai acontecer quando decisões deixarem de ser para o futuro e forem imediatas?
O que vai acontecer quando não existir mais tempo para pensar, somente agir?
Será que estou pronto para isso? Será que quero estar pronto?
O mundo não vai deixar eu ficar assim para sempre. Em algum momento eu vou ter que protagonizar minha vida.
Hoje, o destino bate na minha porta, pedindo gentilmente para ser levado em conta. Ser planejado. Ele aceita ser usado.
Algum dia, ele irá arrebentá-­la, demandando que eu tome conta dele. Vai exigir, lutar, guerrear. Até que, em um segundo, vou deixar ele ficar. Vou aceitá­-lo como meu.
E então, vou sair pela minha porta, e quando voltar, ele vai ter sumido.
Viverei e viverei, e, com meus amigos, olharei pela janela. O destino passará por lá. Devo chamá-­lo para entrar novamente?

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A Importância do outro

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O meu grande problema é ligar demais pros outros. Às vezes o que vale é pensar em você. Somente em você. Fodam­-se as brincadeiras. Fodam­-se todos. O que você tem que pensar é no que VOCÊ quer. Independente das consequências que possam acontecer ou do pensamento de terceiros.
Assim, ao menos você se impõe, faz a mudança. O mundo sempre quer que você mude, ao menos uma vez em tempos, se revolte e mude a porra do mundo. Isso te dá mais paz, não vai te aquietar, mas aquela questão vai ser uma vitória.
 

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