​Cortesia

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Fecho os olhos
Mas vem imagens
Abri eles
Mas não consigo encarar
Criam miragens
No meu pensamento
Sem foco algum
Desespero de existir
O pulmão queima
A cabeça dói
A garganta seca
O humor corrói
Dos olhos escorrem
Lágrimas de gavião
Que observa de longe o passado
E mais chora a cada decepção.

-R.C.

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Pseudeto da existência

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Adão e Eva
Os sete dias da criação, qual etiqueta leva:
História ou estória?
A razão dourada e outras coisas na memória
Fazem uns pensarem em uma entidade
Mas sinto muito falar, mas não tenho piedade…

A existência de leis
Não implica na existência de um criador
As pessoas indicaram Reis
Mas naturalmente tornou-se o ditador

A sociedade tem regras internas
Cujas especificações são eternas
Não houve um decreto
Só um arranjo concreto

O caos jogou-nos no presente
E querem que se apresente
Quem nos deu tal presente

E querem me enfiar pela goela
Um deus que permite tanta sequela
Só porque a física tem padrões nela

Mas veja só!
Não é porque o padrão existe
Que viemos do pó
E da ciência pura se desiste
A lógica do caos é natural
Pra criar-se não precisa Deus tal.

-R.C.

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Nem tão sociável

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Acho que eu me acostumei
Após tanto tempo assim…
Devo ter cara de nerd, pobre ou gay
Para ficarem olhando tanto pra mim…

Não tenho preconceito;
Longe de mim, filho de favelado
Eles talvez estejam me olhando
E eu sinto
Nem por isso eu reclamo
Só interiorizo, de minha ansiedade amo

Comentários bem baixos
Encaixam em meus ouvidos
Pode ser conteúdo temido
Ou um medo de tudo tido

Quando isso para?
Não aguento mais
Me esconder de gente com tais
Intenções maldosas, tara
Por sofrimento geral
Rotina diária, mensal, anual…

E eu não consigo prestar atenção
Em aula, música, livro, nada
Me livra disso por favor, a cada
Sussurro eu aguço a audição

Caminhando nesse mar
Esse sentimento não vejo cessar
E infelizmente não vejo opção
Talvez ausentar-me do ambiente hostil
Venha a ser minha única solução
Pouco a pouco, me isolo de modo natural
Pode até parecer infantil
Mas meu medo tá num nível tal
Que a outra opção mora num fuzil
Em pior situação nunca estive.

-R.C.

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Recado pro canto do caderno

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Alguns gestos trazem lembranças
Cheiros incomodam um pouco
Mas são poucos em meio a tantas mudanças
Se passasse o dia pensando, seria um louco
Por aí cada esquina trazia arrependimento
Aqui o espaço ajuda o esquecimento

Às vezes
Olho para fotos
(Não suas, tê-las é contra minhas teses)
Vejo a época de compromisso e votos
O problema e que o voto maior se foi
Mas passado salva o bom
Apaga o ruim, dando o melhor tom
E não sei quando pararei
De ter essas visões
Lampiscos do que um dia amei
Mesmo já não tendo emoções
Te conto isso para explicar
Mesmo sem compromisso nenhum ou dívida
E ninguém ou você ter a quem culpar
Não se espante se eu nunca voltar
Nunca cruzar comigo nos cantos
Pois se nunca parar
É o necessário pra tirar-te dos sonhos
Farei com prazer e encantos
Irei de cá pra lá, pelos lugares ordinários e mais estranhos

-R.C.

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Desde o início…

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Honestidade é um perigo
Arma certeira e dolorosa
Usá-la requer alma habilidosa

Dor legítima,
Lastimável latência
Deplorável ardência
Espiar, contornar
Esconder, demonstrar
Luz do dia, ao luar
Omitir é mentira
Crime pior do que homicídio
A morte causada outrora
É a única verdade plausível

-R.C.

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Uma droga mesmo

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Mesmo alcoólatra,
Não bebo já a 5 meses…
O cigarro fumei algumas vezes,
Mas agora fazem 8 semanas sem
O pó foi uma só, poderiam ter sido cem
O chá nem tentei,
Não por ser pior ou melhor
Mas porque sei
Que não tiraria a dor

Acima de todos esses vícios na minha existência
Meu maior orgulho é ter passado
Pela sua abstinência
6 meses sem ti
E já estou desintoxicado.

-R.C.

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Desconforto 

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Várias fotos
Piadas internas
Memórias estranhas
Risadas distantes
Olhares alegres
Sensação ruim
Observação torturadora
Tempo demorado

Hora
Minuto
Segundo
Dia
Semana
Mês…

Comparação inevitável
Compreensão uma tentativa
Perfeição não alcançada
Sem inveja, somente desconforto
Dominante, imponente, eminente
Desconforto enorme
Entediante, mortífero, incompreensível
Desconforto real
Sentido, compreendido, complexo.


-R.C.

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Meio louco

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Não me leve a mal, não me acho normal e tudo mais, mas ao olhar pra tudo eu vejo loucura generalizada- mas não loucura igual.
Uns lêem Marx, Engels, Mao Tsé e ficam loucos com o sistema. Eles esquecem tudo e resolvem lutar com todas suas forças contra ele. Ao 1º momento, é um ideal. No segundo, você sai à luta por ele. No terceiro, quebra um banco. No quarto, mata alguém. “Mas por que fazer isso?” “Eles são contra, só querem escravizar…”. O problema é que essa reação parece muito com outra.
Tem gente que trabalha 70% dos seus dias, sofre de gastrite (toma café pra ficar disposto pra trabalhar), câncer (relaxa fumando seu cigarrinho), insônia (logo, toma remédios pra dormir), depressão… e não recebe 60% do que deveria (sem contar o trabalho não pago). Ainda por cima, após tudo isso, clama por mais trabalho e critica quem luta contra. Não só crítica, mas pratica violência contra. Estão loucos de sistema.
Não me leve a mal, não sou a favor de um sistema como esse, que mata gente, sufoca vida e enlouquece de tantas maneiras… mas é realmente necessário cair nos extremos assim?
O mundo cria coisas tão diferentes, dá para não exagerar.
Tem gente que fica bem louco com tudo quanto é droga, tem gente que se tem química não chega perto.
Tem gente que nega deus e não aceita nada sequer próximo, e também outras que vivem de religião.
Há boas loucuras e más… porém não seria melhor um equilíbrio normal?
 

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Contemporaneidades- Pós modernismo

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Já não se morre de amor
Só cigarro, álcool e coca
Valoriza-se menos a overdose do que a dor
De viver sem determinada boca
Ai de mim nos tempos modernos
 
O charuto não é moda
E a todos que isso incomoda
Preserva-se o estilo, mas não a convenção
De acendê-lo para continuar a conversação
Ai de mim nos tempos modernos
 
A música sequer tem violino,
Tudo elétrico, eletrônico
Ouvi-la requer força, como num supino
Já que é tudo quase supersônico
Ai de mim nos tempos modernos
 
Saudade do mundo difícil
Tão simplificado
A nova geração é cheia de imbecil
Tudo de mal virá duplicado
Ai de mim nos tempos modernos

-R.C.

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Depois de tudo aquilo

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O que faço com as músicas
Aquelas que ouvíamos no mesmo fone
Durante beijos, jogo de cintura e sinuca
Devo esquecê-las ou as ouvir com qualquer clone?
 
O que faço com os poemas
Aqueles que te escrevi
Devo colocá-los acima de tantos problemas
Ou esquecer que já os vi?
 
Com os lugares visitados
Cheios de risadas e carinhos
Aqueles momentos sempre são ressucitados
Não importa se pego outros caminhos
 
Com os filmes
Meio vistos, meio não
Devo nunca mais vê-los então
Para não sentir qualquer ciúmes?
 
Tudo isso são memórias
Criadas por você e por mim
Antes nossas histórias
Agora só minhas ou suas
Simples assim
Antes centenas, agora uma ou duas
Vou livrar-me delas como posso
Álcool, cigarro, maconha ou coca
Faca, espigarda, bastão ou pistola
Porque o mundo meu costumava ser nosso
E nos meus sentimentos a poeira se estoca
Lembrando de ti minha vida se atola
 
É hora de esquecer da maneira possível
Violenta, silenciosa, privada ou dolorosa
Socialmente deslocado, odiado, imiscível
Lembrança que me mata, não me preza, a facada me lesa.

-R.C.

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